Meditações no capítulo I
Ao pensar em dor e sofrimento, inicialmente racionalizamos
males ligados a lesões por acidentes, fome e outras coisas relacionadas ao corpo.
Mas nem sempre é assim. Exite uma dor resultante de feridas invisíveis – as
dores da alma, que podem ter nascedouro de experiências vividas no corpo, como
na violência sexual. Podem, inclusive, dependendo do tipo
de experiência e pessoa, resultar em somatização. Na Bíblia, o rei Davi
mencionava em seus ossos o resultado de dolorosas experiências emocionais devido a seus pecados, como também ao stress da sua monarquia e inimigos.
A reação às frustações é variável. Cada
pessoa tem um modo particular. As feridas emocionais resultam nos indivíduos o
medo de amar e confiar, um isolamento que pode manifestar-se de forma difusa,
dependendo da personalidade e caráter de cada pessoa. Uns tornam-se violentos ou
negam suas mazelas, outros se trancam em si mesmos, simplesmente desistem de
viver ou, através de algum escapismo, negam o fato. Posteriormente, o
indivíduo, quando não percebe nenhum resultado em suas atitudes, pode ficar
sensivelmente frustrado, agravando ainda mais o problema.
Para Richards, o sofrimento começa a parar
quando se desiste dos "julgamentos" – o direito de ser
"juíz" e, se passa a aceitar que na vida, o total controle da história
pessoal, para qualquer pessoa, não é uma possibilidade palpável. A aceitação é
parte de qualquer processo de elaboração para que o sofrimento comece a
desaparecer. O autor não faz apologia as atitudes passivas, mas desafia o
sofredor a ter foco naquilo que é realmente importante: os fatores críticos.
Podemos chamá-los de metas de vida, o comportamento que provém das crenças e
motivações pessoais de cada um. Para ele, ter esses referenciais fará toda a
diferença, como uma bússula pessoal no desenvolvimento de uma vida realmente gratificante.